
Manifesto
Entendo a casa como o lugar em que nos sentimos acolhidas. É parte da cultura de um povo. Conta com pessoas, histórias, afeto.
Ela pode ser lar, morada, canto, república, cafofo, abrigo, ap, kit, barraca, hospedaria, quarto... ou ser um outro lugar em que não moramos, mas que nos sentimos bem.
Ela expressa identidades, ancestralidade, relações de gênero, família, trabalho, manutenção e reprodução da vida, e diz de nosso ser político.
Ela tem muitas possibilidades de formatos, materiais, cores, cheiros, tamanhos, saberes, ideias, lutas e resistências.
Neste lugar estão nossos quereres, nossas inquietações, nossos trecos e coisas - criados por pessoas e processos - está aquilo que nos dá prazer... os livros, os álbuns de fotografia, os porta-retratos, os brinquedos, os instrumentos musicais, as plantas, os pratos, os temperos, os potes reaproveitados, os objetos de viagem, as linhas de crochê, os diários...
E pensar sobre estes trecos e coisas é pensar que nós somos humanos através de um mundo material que nos media, nos informa e nos limita, na mesma medida que esse mundo material é classificado, ordenado e interpretado[1]. Uma vez que as relações são mediadas pelos objetos estes também auxiliam na construção do indivíduo, deste modo, os objetos nos fazem assim como são feitos por nós.
Neste sentido, este ambiente material pode estar preparado para acolher essas mais diversas histórias e afetos. É então importante abrir espaço para o que nos faz sentir bem, para trecos e coisas que nos ajudem a cuidar de si e das outras e outros, com escolhas conscientes e responsáveis na relação com nossa natureza.
Acredito que a decoração, a organização e o design de espaços e objetos possibilita harmonia às moradoras e moradores, trazendo bem-estar, aconchego e conexão para criar e ser tudo o que se quiser ser.
Bem-vinda!!! Bora conectar e contar essas histórias juntas...
[1] LEITÃO; PINHEIRO-MACHADO, Débora Krischke; Rosana. Tratar as coisas como fatos sociais: metamorfoses nos estudos sobre cultura material. Mediações. Londrina, v. 15, n. 2, p. 231-247, jul/dez 2010.