Casa de Gracieli
Olhar junto com Graci para sua casa foi um processo afetuoso, comprometido e inspirado, em que cuidamos das conexões com o que faz bem, com as relações e com os espaços que compartilha com João e Giovana.
Meu encontro com esta família começa em 2017, em que nos conectamos e desde então somos atravessadas pela maternidade, pelas experiências, pelas descobertas, por processos que nos constroem e reconstroem diariamente, e por tudo o mais que somos e podemos ser...
Agora, chego para encontrar Graci e cuidarmos juntas de sua casa “lar”, olhando com afeto para as histórias que partilhamos, e com um olhar atento a esse cuidar que se faz necessário... estando ao seu lado, em parceria, enquanto olha para sua casa “eu”. Estamos juntas, mas esse encontro é seu. Em que acessou suas necessidades, o que gosta, o que faz o coração bater mais forte, o que ficou guardado, o que não faz mais sentido, o que as relações com seu companheiro e filha pedem, a casa que vinha imaginando e não estaria neste apartamento e sim em outra casa no futuro...
Com a chegada de uma criança, a casa, mesmo que tenha sido pensada e preparada, acredito que vai passar por um processo, para encontrar o lugar de cada um nesta morada, as relações, para (re)encontrar o lugar de mulher e pessoa completa, olhando para suas necessidades. Olhamos para tudo isto, que estava junto e misturado.
Cuidamos do espaço de Gigi, que existia, mas talvez estivesse fragmentado e ainda um tanto ocupado, sem que ela pudesse se conectar a ele. Cuidamos do espaço compartilhado entre o casal. Dos espaços compartilhados entre os três. Dos espaços que poderão ser compartilhados com familiares e amigues. Dos espaços que cada um poderá ocupar em suas individualidades. E assim, cuidamos de espaços para a leitura, para a música, para a soneca, para as memórias, para a beleza em suas muitas possibilidades, para a contemplação ao fazer artístico, para as plantas, para as reflexões, para o trabalho, para os encontros, para correr, para que pudessem se conectar ao que os faz bem, no agora, no cotidiano de suas relações.
Cores, móveis, objetos, trabalhos artísticos e plantas chegaram. O que não fazia mais sentido foi vendido ou doado, e outras coisas foram repensadas, para serem reutilizadas, como o filtro de barro, que não funcionava mais e se transformou em morada para plantas. A estante de livros e mesa de trabalho, que ocupava o quarto de Gigi, foi desmembrada para ocupar outros cantos que foram criados. Os desenhos feitos e presenteados pela sobrinha que estavam guardados foram para parede, assim como outros quadros. A sacada foi organizada acolhendo um pouco de cada um, possibilitando brincadeiras, conversas, refeições, pausas, momentos com o sol. E deixamos também alguns espaços para outras peças que, a seu tempo e acrescidas de outras histórias chegarão...
Saio desta parceria muito feliz e grata pelo processo que vivenciamos, por ouvir de Graci que as conexões que foram cuidadas estão propiciando outras relações, com momentos de aconchego, de acolhimento, de fluidez e praticidade para os usos, e que está mais gostoso estar...
Estamos juntas!!!